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13/12/2013

Entrevista com o filósofo Mário Sérgio Cortella: “As empresas precisam mostrar um propósito a seus colaboradores”

gravata G

O professor de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP, filósofo e consultor de empresas Mário Sérgio Cortella é hoje um dos palestrantes mais requisitados do Brasil. Com uma história ligada à educação e autor de diversos livros, entre eles “Qual é a tua Obra? Gestão, Liderança e Ética” e “Liderança em foco”, o acadêmico destaca a importância do papel dos líderes em inspirar e passar com clareza as mensagens de uma organização.

Nesta entrevista ao blog da WLC, o filósofo destaca que as empresas precisam, sobretudo, passar uma mensagem relevante a seus colaboradores, de modo que os faça engajar-se em um propósito maior, destacando sempre a importância da ética. “O lema corporativo do futuro deve ser: ‘não fazemos qualquer negócio’”.

O que se espera da figura de um líder hoje nas organizações?

O que se espera dele é que seja capaz de elevar a condição coletiva, seja em uma comunidade, em um grupo ou em uma empresa. O que se deseja é um líder que não se paute pela percepção de si mesmo. O líder é aquele que eleva todos a uma qualidade de vida melhor.

As empresas têm dado espaço para a formação de novas lideranças?

Aquelas que têm uma visão de inteligência estratégica, sem dúvida. Aliás, aquelas que se vêm como líderes em seus mercados e buscam a perenidade têm que pensar desse modo. Como não há lugar marcado no futuro, a sobrevivência da empresa depende da capacidade de suas lideranças em sustentar a vitalidade do negócio e de saber se renovar ao longo do tempo. Por isso, as empresas que se destacam são aquelas que estão tirando de cena a figura do mero chefe, que dá ordens, para uma liderança que inspira, serve e partilha. Claro que isso ainda não é a totalidade do mercado. Por isso, para as empresas que não acordarem para essa questão, nós podemos dizer que terão um grande passado pela frente (risos).

No livro “Qual é tua obra”, o sr. fala sobre o propósito no trabalho. De que forma isso determina a carreira profissional das pessoas?

Neste livro eu faço uma grande distinção entre trabalho e emprego. O emprego é fonte de renda, enquanto o trabalho é uma realização de vida. Há muitas pessoas que encontram no emprego o trabalho que queriam ter e, têm portanto, um propósito naquilo que fazem. Já aquelas que não conseguem juntar as duas coisas, sempre dizem: “ah eu vou fazer o que eu quero no dia que eu puder”. É claro que o ideal é juntar as duas coisas e dar um sentido, seja no significado de valor pessoal, seja na direção mesmo da sua carreira.

Os profissionais estão dando mais valor ao propósito ou a recompensa financeira ainda é o que pesa mais?

Hoje eu vejo um grupo de pessoas jovens que estão chegando ao mercado de trabalho em busca de um propósito, uma missão. É claro que elas não descartam a remuneração, mas sem dúvida estão buscando um bem maior. Esse movimento vem aumentando e precisa ser levado muito a sério pelas empresas.

E como as organizações podem incentivar seus colaboradores em busca desse propósito?

Tudo dependerá da liderança. Se ela for capaz de comunicar, naquele negócio específico, qual é a missão da companhia. Embora qualquer empresa dependa da rentabilidade, lucratividade e competitividade, é preciso também buscar um projeto de vida. Claro que algumas atividades facilitam isso. É muito mais fácil convencer alguém de um propósito quando se cuida de vida, por exemplo. Quando se presta serviços de saúde, educação, ou se trabalha em um laboratório que desenvolve novos medicamentos, essa mensagem é passada de maneira mais fácil.

Mas nem todas as organizações têm um sentido tão claro, não é verdade?

Sem dúvida. Mas, por outro lado, é difícil levar alguém a ver algum propósito em um negócio que pode até ameaçar a própria vida, como a degradação ambiental. Se você está em uma área onde há risco maior, como energia, petróleo, mineração, é preciso que o propósito venha da finalidade daquilo para as pessoas e a sociedade. Como aquilo pode servir à vida. Nas palestras que eu faço nas empresas eu sempre destaco que o novo lema corporativo deve ser “Não fazemos qualquer negócio”. Essa ideia de que “Fazemos qualquer negócio” oferece um grande risco à credibilidade e pode levar à própria falência da empresa. A verdade é que romantismo ainda é necessário na carreira. Sentir-se útil é algo que motiva as pessoas.

E qual é o papel do reconhecimento na relação com os colaboradores?

Ele pode ser financeiro, mas, sobretudo, deve privilegiar a valorização do indivíduo. É o líder que reparte a conquista de uma determinada meta ou esforço alcançado. Que reconhece o talento e a dedicação. O reconhecimento está muito ligado à ideia de comemorar, de estar junto e, portanto, em fazer com que eu não sinta só um pedaço da máquina, mas que faço parte da inteligência que faz a máquina funcionar.

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